Adolescência - Retrospectiva Psicológica



O tempo que passei em Macau foi muito difícil para mim, o meu peso começou a ganhar vontade própria.


Como podem imaginar foi muito complicado ser uma adolescente obesa num meio pequeno. A adolescência é uma época de descoberta de sensações, principalmente em termos sexuais. Todas as minhas amigas tinham namorado e eu não. Porque é que ninguém me escolhia para dançar um slow? E eu não era má dançarina. 

São estas pequenas coisas que nos marcam, que nos baixam a nossa auto estima, que nos revoltam.
Aquele olhar de lado ou um olhar de alto a baixo, em que ficamos a pensar ter uma nódoa de suor ou um macaco pendurado no nariz. Hoje em dia, ainda tenho por hábito passar o dedo para ver se tenho lá algo. 
Estou a escrever estas palavras e juro-vos que há coisas que ainda me escapam, que me entristecem, e ainda me fazem sentir um nó no estômago.

Começamos a compreender que a nossa personalidade não chega, que o facto de sermos boas pessoas não é o suficiente para escaparmos a comentários maliciosos.
Hoje em dia, e apesar de ter perdido muito peso, ainda me sinto aquela rapariga balofa, aquela rapariga por quem ninguém se interessou, aquela que nunca foi puxada para dançar. Luto diariamente com isto tudo. 

Oh ...
I know I'm unloveable
You don't have to tell me
I don't have much in my life
But take it - it's yours
I don't have much in my life
But take it - it's yours
Oh ...


De Macau guardo as poucas amizades que fiz e que ainda hoje perduram, foi graças a elas  
que sobrevivi. 





Comentários

apenas para dizer que gostei muito de ler estes teus desabafos. é preciso coragem para falar de certas coisas. eu não a tenho por exemplo. tenho sim, aos 26 anos ainda, a sensação de uma adolescente que não pertence ou que ainda não encontrou um sitio em que encaixe. mas acho que faz parte de mim (e se calhar de todos) sentir que não fazemos parte deste mundo, e que há outro, algures sabe-se lá onde, onde tudo fará sentido. nem que seja só mais um bocadinho.
um beijinho
hoje assino rita maria josefina porque sei que gostas mais
:)
Maria disse…
RMJ ( o nome faz-me sempre sorrir),

No meu caso acho que não se trata de coragem, escrevo porque é uma forma de libertação.
Talvez, na minha vida, cometa esse erro, de partilhar demais. É uma forma de me conhecerem e perceberem algumas das minhas atitudes.
Eu tenho dias em que me sinto assim, perdida! Ainda não descobri o rumo. Ainda és nova e tens tempo para te perder e encontrar-te, várias vezes, não é isso que torna a vida interessante?
Life is a journey, enjoy the ride!
Muitos Beijinhos :)
Miguel Bordalo disse…
Bonitos, feios, magros ou gordos, a família e as amizades são a única coisa que nos resgata de momentos de absoluto desenquadramento do sítio, ou estado emocional em que no encontramos. Sempre. Pelo menos para mim.
Maria disse…
Miguel é que nem duvides!!! Não coloco nada à frente da minha família e dos meus amigos. Não quero ser dramática ( apesar de ser mulher hehe), mas não sei o que seria de mim se não fosse por eles.
Mantêm-me estável, emocionalmente e fisicamente!
Dorme bem, que eu vou fazer o mesmo. Amanhã é dia de acordar muito cedo!

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