A feira que é a vida


Sempre ouvi dizer que a vida era feita de escolha e, nos dias de hoje, isto é cada vez mais real.
Compro um par de calças de ganga, tenho duas e umas estão prestes a mostrar um ar das minhas cuecas, ou vou passar o fim-de-semana ao Porto? Vou a um concerto ou ao super-mercado? Regressámos a um mundo mediaval de trocas, físicas e emocionais!

Isto acaba por explicar um pouco a minha ausência do mundo das palavras! Rompi um pouco com as minhas rotinas! Arranjei tempo para amigos de longa data que andavam um pouco negligenciados. Tornei-me crente, da Igreja da música pois claro, e isto abriu a porta a novas amizades, coisa que pensei ser impossível com a minha idade. Conheci e dei-me a conhecer, e sobrevivi para contar a história!

Uma das pessoas responsáveis por este "chocalhar" da minha alma foi o meu amigo Miguel, posso dizer que foi o catalizador para esta minha mudança. Acima de tudo fez-me ver duas coisas muito importantes, que ainda existem pessoas genuínas e que eu não era a amiga desconsiderada, como alguém tinha tentado incutir na minha cabeça, vezes sem conta.
Em certos momentos da nossa vida é necessário esta validação por pessoas que não nos conhecem há muito tempo, infelizmente ou felizmente, não me decidi! 



Outra coisa que assumo ser é uma Pessoa de extremos. "Não poderias ter feito as duas coisas ao mesmo tempo?", perguntaria-me alguém, a minha resposta é um simples não, sem explicação, porque certas atitudes não a têm!
Sedenta de concertos, vi tudo que havia para ver! Fiz as pazes com a Rodoviária e a CP, perdi a conta às viagens que fiz ao Norte.
Tive de abandonar os meus "vícios" antigos, ao fim ao cabo substituindo-os por outros! E a realidade da coisa, é que o dinheiro, ao contrário da pastilha elástica, não estica!


Mas voltando ao tema inicial sobre o qual decidi romper o meu silêncio. Serei pragmática e optarei pela primeira ou compro umas cuecas com desenhos e ignoro os rasgões? Há sempre a terceira hipótese, não penso mais, rasgo mentalmente o saldo digital e faço as duas coisas?!
Se bem me conheço iria amargurar sobre um eventual cenário futuro onde precisaria exactamente da quantidade que teria gasto!


Esta é cada vez mais a nossa realidade e eu confesso-me um pouco obcecada com isso, ao ponto de fazer uma folha de Excel com todos os meus movimentos financeiros, incluindo as idas diárias à padaria da esquina ( quem diria que daríamos 60 escudos por uma carcaça). Esta é outra coisa que não consigo evitar, a comparação dos preços em escudos, motivo pelo qual dou ainda mais em maluca.

Hoje em dia muitos amigos dizem, " a crise anda a dar cabo da minha sanidade", há sempre o positivo, as consultas de saúde mental estão dispensadas no pagamento de taxas moderadoras, valha-nos isso!!!


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