Lá em casa aos sábados comprava-se o Expresso, ou o Espesso como lhe chamava o meu pai, porque por vezes o conteúdo , mesmo bem espremido, era inversamente proporcional ao número de folhas que o jornal tinha. Cada um atacava vorazmente a sua parte. Eu, honestamente, pegava na revista , depois a crónica do Pedro Adão e Silva, sempre na expectativa que escrevesse sobre música como no seu blog ondas ou como falava no programa maravilhoso de rádio o “Quase famosos”. Mesmo durante o tempo em que o meu Pai esteve internado no hospital eu levava o jornal e nós lá distribuímos as secções e ficávamos a ler o silêncio, com o ocasional suspiro , e impropério, do meu Pai. O último que comprei foi no dia 16 de Janeiro, lembro-me como se fosse ontem, na véspera dos 46 anos de casados dos meus Pais. Ele morreria no dia 20 do mesmo mês. Hoje, pela primeira vez dessa data, comprei o jornal. Há rituais que nunca mais serão os mesmos.
Comentários
Parece que a Líbia é o único interesse neste momento...
Infelizmente não é só a Líbia, o médio oriente, neste momento, é um barril de pólvora. E aqui a "destruição" é feita pelos homens, com o intuito de liberdade. Espero que no meio disto tudo o consigam.
O Japão faz recordar um dique prestes a rebentar, tapa-se um buraco, abre-se outro logo de seguida. Parece não haver fim para esta catástrofe.
beijinhos