Louco eu também desconhecia, mas ontem ao ver o House, com os devaneios apaixonados e esta música de fundo, fiquei a gostar. Decorei parte da letra e google com ela, encontrei!
Eu de manhã vou a pé para o trabalho, um luxo nos dias que correm bem sei. A primeira coisa que faço é enfiar os pirolitos do mp3 nos ouvidos, a segunda é acender um cigarro. Qual não é o meu espanto quando o ipod cospe a música que vos deixo em baixo. A minha primeira reacção foi " Mas o que é que esta merda faz aqui?!?!" , depois lá me acalmei, lembrei-me que tinha sido de uma emissão de "ir à cueca", dos meus tempos de estrela de rádio virtual! Não sei se foi uma falta de lucidez, devido à hora matinal, ou se foi somente a minha disposição, mas a verdade é que dei por mim a dançar no meio da rua. Já não bastava a semelhança que tinha a um esquimó, aquilo era casacão, chapéu enfiado na cabeça e cachecol, só se via mesmo a pontinha do nariz! Só me vinha à cabeça a série Ally Macbeal onde esta música costumava ter muito tempo de antena. E lá fui eu toda lampeira Estrada de Benfica a fora a abanar o cú, os bracinhos e a pensar em coisas que deveriam estar esquecidas!...
Uma coisa que acho engraçada (e que de engraçado não tem nada, é apenas uma expressão que uso desadequadamente. Como dizer " estás maluca ou quê", a uma pessoa que não está em plena posse da sua faculdade mental, sim já o fiz!) é a nossa capacidade de reconhecer na voz dos outros o vazio emocional provocado pela perda de uma pessoa muito próxima. Quase que arriscava afirmar que falamos um dialecto só nosso! Tornamo-nos cúmplices nos olhares e no silêncio, basta isso para nos compreendermos. Alguém dizia no outro dia que nem queria imaginar a dor que eu deveria sentir por ter perdido do meu Pai, e o mais engraçado é que aquilo que se sente é apenas um vazio, como que um vácuo na nossa alma. Posso afirmar que não sou a mesma e que parte de mim também se foi.
O ritual de saída começa a ser igual. Colocar bata e máscara cirúrgica, logo em cima outra FFP2 para abraçar a minha mãe quando me venho embora! Já sei que ela se vai agarrar e todo o cuidado é pouco com uma doente com enfisema pulmonar! O mais engraçado é que depois sou eu que não a consegue largar. Gosto de a sentir perto, de a ouvir respirar, de lhe apertar os seus 40 quilos de ossos porque não se alimenta bem! Porque tenho sempre receio que este seja o nosso último abraço! Controlo a entrada dela em casa pelo espelho retrovisor e quando chego à curva começam-me a cair as lágrimas!
Comentários
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Gostei.
Decorei parte da letra e google com ela, encontrei!